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domingo, 29 de maio de 2011

POR ELISE

Hoje assisti à peça "POR ELISE" da companhia de teatro Espanca . A peça busca uma narrativa não linear, em que os personagens em fuga se encontram. A vizinha que conta histórias da vizinhança consegue trazer alguma emoção à peça ."Cuidado com o que planta" , é a mensagem trazida por ela. No entanto os demais seres que se encontram nesse enredo não transmitem a mesma emoção. A " moça que teme perder seu cão", "o gari que perdeu seu pai", "  o homem  que recolhe cães doentes",  desencontram-se nessa narrativa e apelam para uma comédia injustificada. Acredito que não há necessidade de forçar esse riso da platéia ,pois nos momentos mais dramáticos da peça, os espectadores não os levaram a sério. A comédia gerou certa fragilidade à peça. O cão que late palavras também não nos convenceu. É uma pena, pois os personagens poderiam se desenvolver , crescer durante essa narrativa demonstrando uma reflexão sobre as formas de ser e  estar no mundo  contemporâneo .O " envolvimento " , o "afeto" e  " o isolamento"reforçado pela idéia de cercas elétricas e muros altos, a " insegurança" e o "medo" presentes na representação de  abacates que chovem durante a peça ,não se tornam elementos suficientes para justificar o título Por Elise, título  da peça  " Pour Elise" de Beethoven. A não ser pelo fato de "Pour Elise " ser uma obra de partitura relativamente fácil comoposta por Beethoven para uma jovem pianista que julgava-se incapaz de tocar qualquer outra grande peça .

ligiamoraes

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Playing with Paint Digital




                                                      lígiamoraes

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Massa aos Mendigos

Enquanto lanchava no centro da cidade , observava os  pedintes que  espreitavam os transeuntes à espera de um trocado qualquer. Um dos mendigos era um senhor negro, grisalho , de bengala e calças remendadas .
 Notei que ele se aproximava de uma moça com mochilão nas costas e uma maletinha nas mãos com etiqueta internacional. Ambos conversavam e gesticulavam muito. Foi então que notei que se tratava de uma estrangeira, e o senhor de bengala pedia a ela dinheiro para comer. Como ela não entendia muito bem o português , ele tentava mostrar o que queria e apontava para o Hipermercado em frente. Ela olhou para uma banca de maçãs que estava logo na entrada do Hipermercado e perguntou a ele : " Massa, você quer massa"  Ele dizia "Sim quero massa,pastel,  lasanha, hum ...massa  é bom."  Ela entrou no Hipermercado tentando compreender  como iria comprar uma maçã. Olhou o preço, escolheu uma maçã e pagou no caixa. Quando saiu, estendeu o braço e entregou a MASSA (maçã) para o pedinte . Ele sorriu  ironicamente pra ela e disse " Ah, maçã!!!!Massa..." .(Era nítida a sua frustração) .  Ela disse "Come ,massa , é bom "  . Ele ; " Você quer que eu coma a Massa ?"   Ele pegou a maçã, deu uma mordida que até fez barulho,   mostrou os poucos  dentes que tinha em um riso forçado. Ainda  agradeceu  com um debochado  inglês "Thank you My Girl" . A jovem moça sorriu com tamanha satisfação  que suas massas , digo,  maçãs do rosto se  avermelharam...

UM SENTIDO BÉLICO PARA AS COISAS BELAS

Hoje aconteceu a  estréia do curta "Um sentido bélico para as coisas belas " do dirtetor Afonso Nunes.
Foram exibidos outros dois curtas do mesmo diretor " A idade do Homem" e o documentário " Sentinela".
Não conhecia ainda o trabalho de Afonso Nunes e confesso que gostei bastante de sua produção. A idade do Homem remete a um universo onírico, introspectivo e às vezes inconsciente de um Homem, que metaforicamente  fechado em si, cercado por  janelas lacradas em paredes de tijolo cru , se vê perturbado por lembranças, sentimentos e desejos ora latentes, ora não revelados. Essa abordagem nos revela um  Homem Contemporâneo, em conflito, em reclusão , preso entre o passado, o presente e o não existente.   O documentário Sentinela é um resgate da memória do povo brasileiro. O Sentinela  é aquele que em vigília reza pelo  moribundo , pedindo a  intervenção de Nosso Senhor, ou seja, é aquele " que não deixa a vela apagar". A poesia do filme está no canto e nas  ladainhas proferidas pelas beatas. Está no olhar daqueles que esperam com serenidade  pela  breve partida. Um sentido bélico para as coisas belas é com certeza o mais ousado dos curtas acima citados, apresenta uma linguagem muito plástica. As animações e desenhos de Adriane Puresa conferiram uma estética  bem contemporânea ao curta. O muro, os diálogos incomunicáveis, os pensamentos desconexos expostos pelos personagens trazem  uma sensação de isolamento, de cerceamento. Estamos envolvidos e imobilizados  por arame farpado desde que nascemos e assim  nos tornamos seres por vezes  incomunicáveis e  incompreendidos.